sexta-feira, 25 de junho de 2010

Brasil

Identidade Brasil

Identidade Histórica e Cultural do Brasil
O Brasil, com sua dimensão continental e pluralidade de raças, foi e ainda é um campo fértil para o nascimento e a preservação da cultura popular. Ambientes rurais, selvagens e regionais, associados a um povo alegre, espontâneo e criativo, produziram cantos, ritmos, histórias e personagens que habitam o imaginário de crianças e adultos do passado, presente e, espera-se também, do futuro. Sabemos que a cultura de um país ou de uma região pode ser expresso através de crenças, culinária, religiosidade, linguagem, vestimenta e de suas manifestações festivas. No entanto, é nos contos, histórias folclóricas e na musicalidade que o Brasil tem seus melhores exemplos da cultura popular. Quem nunca ouviu falar do Samba, do Maculelê, do Frevo do Maracatu, de Macunaíma, do Saci Pererê, da Mula Sem Cabeça, da Iara, do Boto Rosa, do Curupira ou do Lobisomem?

Toda esta herança ancestral faz parte da identidade, família, memória e do nosso presente e que, certamente, terá lugar no futuro. No Brasil, esse povo mestiço e maneiro é quem ganha presença destacada como o traço maior da IDENTIDADE e dos VALORES HISTÓRICOS E CULTURAIS do país em todos os seus aspectos.

Hoje em dia está havendo um redescobrimento do local em contraposição do global; estamos aprendendo a olhar para o patrimônio como um bem que representa IDENTIDADE e PERTENCIMENTO que exalta a riqueza de uma cultura, de algo que é o retrato de um tempo histórico, e de manifestações culturais resultantes da presença  indígena, africana e européia na formação da identidade nacional brasileira.

Tendo todos estes elementos como referência, o nosso Jornal Eletrônico, COM A CARA E A ALMA DO BRASIL, vem divulgar os valores dos aspectos culturais que só fazem enobrecer a IDENTIDADE  e as raízes históricas de nossa gente que, com sua alegria, espontaneidade, paixão e sangue latino, colore este país numa magnífica AQUARELA MULTICULTURAL DE BRASILIDADE.

Povo do Brasil

“Foi desindianizando o índio, desafricanizando o negro, deseuroperizando o europeu e fundindo suas heranças culturais que nos fizemos. Somos em conseqüência, um povo síntese, mestiço na carne e na alma, orgulhoso de si mesmo, porque entre nós a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Um povo sem peias que nos atenham a qualquer servidão, desafiado a florescer, finalmente, como uma civilização nova, autônoma e melhor." (Darcy Ribeiro).

O povo e a cultura brasileiros descendem de uma mistura plural de raças que lhe deu raízes. Colonizadores portugueses, índios e africanos constituíram a base da nossa formação étnica. Colonizadores franceses e holandeses também passaram pelo Nordeste do Brasil.
A imigração começou oficialmente quando o Rei D. João VI promulgou a lei que permitia a posse de terras por estrangeiros, em novembro de 1808, cujo objetivo era facilitar a ocupação do Sul do País para, assim, branquear a população que, majoritariamente era negra e evitar a invasão dessas terras por castelhanos.
No entanto, foi a partir do início do século XX que massas de imigrantes alemães, italianos, poloneses e japoneses acrescentaram novos elementos ao processo dessa mistura plural. Os brasileiros são, talvez, o povo mais miscigenado racialmente.
O processo de miscigenação é intenso desde o início da colonização. Já que era pequeno o número de mulheres brancas entre os colonizadores, estes se relacionavam com índias ou negras escravizadas, muitas vezes à força. Essa miscigenação dá origem a outros tipos étnicos como o mulato, o caboclo e o cafuzo. Os imigrantes que vieram mais tarde para o Brasil, apesar de terem se estabelecido em comunidades fechadas, também tiveram papel importante na formação da IDENTIDADE BRASILEIRA.
                                              
Língua e Identidade Cultural
A literatura popular representa o registro do patrimônio lingüístico de um povo e, nesse sentido, a língua, como matéria prima desse registro, torna-se um elemento de unificação. Por tal razão, a consciência da importância de preservarmos nossa identidade cultural é o primeiro passo para preservarmos a própria cidadania. A língua, como elemento unificador, como espelho de uma cultura; sua sonoridade, sua estrutura, sua elocução, que constituem o sentido histórico e político de uma nação. Sua IDENTIDADE e a identidade de um povo – seus cidadãos.

No início da colonização portuguesa no Brasil, o tupi (mais precisamente, o tupinambá, uma língua do litoral brasileiro da família tupi-guarani) foi usado como língua geral na colônia, juntamente com português, principalmente graças aos padres jesuítas que haviam estudado e difundido a língua.
Em 1757, a utilização do tupi foi proibida por uma Provisão Real. Tal medida foi possível porque, a essa altura, o tupi já estava sendo suplantado pelo português, em virtude da chegada de muitos imigrantes da metrópole. Com a expulsão dos jesuítas em 1759, o português fixou-se definitivamente como o idioma do Brasil. Das línguas indígenas, o português herdou palavras ligadas à flora e à fauna (abacaxi, mandioca, caju, tatu, piranha), bem como nomes próprios e geográficos.

Com o fluxo de escravos trazidos da África, a língua falada na colônia recebeu novas contribuições. A influência africana no português do Brasil, que em alguns casos chegou também à Europa, veio principalmente do iorubá (vocabulário ligado à religião e à cozinha afro-brasileiras) e do quimbundo angolano (palavras como caçula, careca, moleque e samba).

Um novo afastamento entre o português brasileiro e o europeu aconteceu quando a língua falada no Brasil colonial não acompanhou as mudanças ocorridas no falar português, principalmente por influência francesa, durante o século XVIII, mantendo-se fiel, basicamente, à maneira de pronunciar da época da descoberta. Uma reaproximação ocorreu entre 1808 e 1821, quando a família real portuguesa, em razão da invasão do país pelas tropas de Napoleão Bonaparte, transferiu-se para o Brasil com toda sua corte, ocasionando um aportuguesamento intenso da língua falada nas grandes cidades.

Após a independência (1822), o português falado no Brasil sofreu influências de imigrantes europeus que se instalaram no centro e sul do país. Isso explica certas modalidades de pronúncia e algumas mudanças superficiais de léxico que existem entre as regiões do Brasil, que variam de acordo com o fluxo migratório que cada uma recebeu.

No século XX, a distância entre as variantes portuguesa e brasileira da língua portuguesa aumentou em razão dos avanços tecnológicos do período: não existindo um procedimento unificado para a incorporação de novos termos à língua, certas palavras passaram a ter formas diferentes nos dois países (comboio e trem, autocarro e ônibus, pedágio e portagem). Além disso, o individualismo e nacionalismo que caracterizam o movimento romântico do início do século intensificaram o projeto de criação de uma literatura nacional expressa na variedade brasileira da língua portuguesa, argumento retomado pelos modernistas que defendiam, em 1922, a necessidade de romper com os modelos tradicionais portugueses e privilegiar as peculiaridades do falar brasileiro que consagrou literariamente a nossa língua como brasileiros.

Tipos Brasileiros
                                                                                 
Índio
Os índios do Brasil não formam um só povo. São muitos povos diferentes de nós e entre si. Possuem hábitos, costumes e línguas próprias e, por isso, é errado pensar que todos os índios vivem da mesma maneira.
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, aqui viviam cerca de 5 milhões de índios. As doenças trazidas pelos europeus e as constantes lutas entre índios e brancos fizeram com que muitos grupos desaparecessem.
Atualmente existem no Brasil aproximadamente 240 mil índios, distribuídos em cerca de 180 grupos diferentes.
Encontra-se em todo o território brasileiro, com exceção apenas do Distrito Federal e dos Estados do Piauí e Rio Grande do Norte.
Existem grupos indígenas que, por estarem em contato permanente com a nossa sociedade, adotaram muitos hábitos e costumes da nossa cultura, falam o português, usam produtos industrializados mas nem por isso deixam de ser índios. Existem ainda grupos que mantêm contatos apenas ocasionais com os brancos e, finalmente, grupos que não têm qualquer contato com a sociedade, desconhecendo nossos costumes e língua.
Como exemplo de cultura indígena, convém ressaltar a dos Yanomami, considerados um dos grupos indígenas mais primitivos da América do Sul.
Os Yanomami têm como território tradicional extensa área da floresta tropical no Brasil e na Venezuela. Possuem uma população em torno de 25.000 índios. No Brasil existem cerca de 10.000 Yanomami situados nos Estados do Amazonas e de Roraima. Falam a língua Yanomami e mantêm ainda vivos os seus usos, costumes e tradições.
Vivem em grandes casas comunais. A maloca consiste numa moradia redonda, com topo cônico, com uma praça aberta ao centro. Várias famílias vivem sob o teto circular comum, sem paredes dividindo os espaços ocupados. O número de moradores varia entre trinta e cem pessoas.
Desde a década de 1970, com a construção da estrada Transamazônica, cortando seu território, a operação de mineradores e, hoje, a presença de milhares de garimpeiros têm resultado na destruição da floresta e trazido muitas doenças para os Yanomami, cuja população está sob séria ameaça de desaparecimento.

Afro Descendência
A identidade de um povo, num Estado nacional, pode se transforma, lentamente, seguindo as modificações históricas ou de forma mais veloz, sobretudo em períodos de guerra ou de grandes transformações locais ou mundiais. Muitas vezes tais mudanças são geradas durante certo tempo e, a partir de algum movimento, tornam-se visíveis. Assim sendo, para entender o presente, é preciso compreender o que a história, os pontos de vista históricos e as interpretações da história.
O negro não apenas povoou o Brasil e deu-lhe prosperidade e econômica através de seu trabalho. Vindos de várias partes da África, os negros escravos trouxeram as suas diversas matrizes culturais que aqui sobreviveram e serviram como patamares de resistência social ao regime que os oprimia e queria transformá-los apenas em máquina de trabalho. Após a escravidão, os grupos negros que se organizaram como específicos, na sociedade de capitalismo dependente que a substituiu, também aproveitaram os valores culturas afro-brasileiros como instrumentos de resistência.
Isto não quer dizer que se conservassem puros, pois sofrem a influência aculturativa (isto é, branqueadora) do aparelho ideológico dominante. Não se pode afirma a idéia de uma cultura afro-brasileira única, pura. O que existe é um processo dinâmico de construção. É uma luta ideológico-cultural que se trava em todos os níveis, ainda dos nossos olhos. Não existe identidade nacional sem as culturas africana e afro-brasileira. Por extensão, não existiria arte brasileira sem as artes africana e afro-brasileira. Ao olhar para os brasileiros, o rosto negro país deve aparecer.

Baiana
A baiana do acarajé (ou simplesmente baiana) é como é conhecida popularmente a figura típica da negra tia que se dedica à profissão de vendedora de acarajé e outras iguarias da culinária baiana.
Sua origem é africana, como africanos eram todos os negros que vieram povoar a nossa terra.
 As baianas são mulheres batalhadoras que com muita luta conseguiram a regularização da profissão junto aos poderes públicos. Uma das principais figuras típicas do Brasil chega a ser um dos quesitos obrigatórios no desfile das Escolas de Samba do país.
"O que é que a baiana tem?"
Esta pergunta é feita na letra de uma famosa música do compositor baiano Dorival Caymmi, com a resposta:
Baianas tipicamente vestidas no Terreiro de Jesus, Salvador, Bahia.
"Tem torso de seda, tem! / Tem brincos de ouro tem! / Corrente de ouro tem! / Tem pano-da-costa, tem! / Sandália enfeitada, tem!"
A indumentária – composta principalmente do turbante ou torso muçulmano, compridas e largas saias, vistosos xales e mantas listradas, lembrando o traje de origem islâmica do Sudão.
E também tem balangandans - Nas orelhas argolões de ouro; no pescoço, colares de contas brilhantes, de miçangas coloridas, de búzios, com a indispensável e mística figa de guiné, amuleto contra o "mau-olhado", nos dedos, nos pulsos, nos braços, até quase nos cotovelos... uma profusão incrível de jóias custosas.
Cantada por grandes intérpretes, desde Carmem Miranda, Maria Bethânia, Gal Costa e outros, além do próprio Dorival, foi, durante a primeira metade do século XX, um grande divulgador dessa personagem típica de Salvador.
Ari Barroso, outro grande compositor brasileiro, num dos seus maiores sucessos, também faz referência à quituteira da Bahia, no samba de 1936, onde "No tabuleiro da baiana tem: Vatapá, oi, caruru, mungunzá, tem umbu"... mas sobretudo "desvenda" aquilo que tem a baiana em seu coração: "Sedução, cangerê, ilusão, candomblé"...(em No tabuleiro da baiana).
Atraído pelos encantos e magia baianos, o artista plástico argentino Carybé retratou como poucos a figura da baiana, assim como muitos outros, a exemplo de Santi Scaldaferri.
A imagem típica das baianas constitui-se no marco característico da mulher afro-descendente da Bahia, que mantém viva suas raízes históricas; como tal ela é representada em diversos eventos típicos, folclóricos, em toda a Bahia e até fora dela. Um bom exemplo encontra-se na festa da Lavagem das escadarias da Igreja do Senhor do Bonfim, ou nas Escolas de Samba, que obrigatoriamente têm uma Ala das baianas.

Falar De ...

Brincadeiras de Roda
Pode parecer curioso falar-se em brincadeira de roda nos dias de hoje. Em tempos, em que estas manifestações da cultura popular espontânea estão com o seu espaço tão esquecido e diminuído. Nas ruas, nas praças, nos quintais está mais raro de se ver ou ouvir-se das bocas infantis aquelas canções que, na simplicidade das suas melodias ritmos e palavras, guardam séculos de sabedoria ancestral e a riqueza condensada do imaginário popular, em que se trabalham as questões da circularidade e do corpo.

As brincadeiras de roda têm origem na ancestralidade africana. A brincadeira de roda, um manifestação popular de caráter infantil, é o resgate de um instrumento valioso para se trabalhar com “regras” lúdicas, ressaltando a importância de todos as seguirem para que se possa brincar. É fundamental entender que no trabalho coletivo as regras devem ser respeitadas por todos, pois se alguém quebrá-las prejudicará o trabalho do grupo inteiro.

Muitas vezes através da brincadeira fica mais fácil para a criança entender e até participar da elaboração de regras de convivência, aprendendo a se respeitar, percebendo sua importância para o funcionamento do grupo e respeitar o outro, superando o individualismo e a competitividade através do trabalho coletivo e solidário.

As cantigas de roda prevaleceram nos nossos brinquedos quando, ainda pequenos, os irmãos, os primos e os amigos da vizinhança, eram os companheiros de todo dia. Cantar essas canções hoje é mergulhar no passado, com toda a carga afetiva do seu tempo por que a música se encarrega de situar nosso sonho e contextualizar nossas lembranças.

“Fazer permanecer as mesmas canções significa sedimentar pelo simbólico os sentimentos de uma geração a outra. Tornar comum as emoções, socializar costumes e nacionalizar sentimentos. É manter o elo, compartilhar significados e não perder um tempo de sonhos. É, principalmente, comprometer-se em assegurar um repertório do qual se possa lançar mão, quando na vida precisarmos legitimar nossas lembranças para fortalecer nossas esperanças”.

Elas continuam contendo símbolos como pretextos maravilhosos para a criança experimentar o seu corpo, a linguagem, a aproximação e para descobrir-se a si própria ao mesmo tempo, se revelando ao outro e inserindo-se no convívio social. Trata-se de um movimento de entrega, de alegria e de intensidade vital.

No folclore brasileiro muitas são as brincadeiras de roda, ciranda-cirandinha, lenço atrás etc. De mãos dadas ou não, caminhando em círculos ou paradas, as crianças são ensinadas a unirem suas energias em benefício de outros. Mais tarde no tempo, algumas dessas crianças colocam em prática esses ensinamentos sagrados e irradiam felicidade, paz, força e amor à humanidade.
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Folclore

Daia do Floclore – A Expressão da Cultura
O Dia do Folclore é comemorado a 22 de agosto, em todo território nacional. O folclore é a expressão máxima da cultura, dos costumes e tradições de um povo e está presente nos aspectos da oralidade (constatação de historias, cantigas, canções de ninar causos, provérbios e ditos populares, repentes, etc...), da escrita ou de qualquer manifestação cênica popular. Através da sua preservação torna-se possível também a preservação da pluralidade cultural, da sabedoria e da identidade dos valores de um povo, bem como o conhecimento verdadeiro de sua história e suas origens.

O nosso folclore está recheado de mitos, lendas, contos populares, brincadeiras, provérbios, adivinhações, orações, maldições, encantamentos, juras, xingamentos, gírias, apelidos de pessoas e de lugares, desafios, saudações, despedidas e trava-línguas. Também inclui festas, folguedos, artesanato, símbolos, receitas de comidas, medicina rústica, danças, música instrumental e canções, inclusive as baladas e canções de ninar.

O folclore brasileiro tem origens na cultura ancestral tupi, européia (colonizadores e imigrantes) e africana, se espalhando por todas as regiões do território brasileiro.

A Lenda e o Mito!
Na era da oralidade, a população não dava muita importância à verdade, elas aceitavam as histórias contadas sem discutir se elas eram verídicas ou não. Como diz o dito popular "Quem conta um conto aumenta um ponto", as lendas, pelo fato de serem repassadas oralmente, de geração a geração, sofrem alterações à medida que estão sendo recontadas.
A lenda é uma história de origem ancestral que relata oralmente fatos cheios de fantasia e heroísmo que se passaram em certo tempo e lugar, envolvendo e misturando  pessoas, animais e seres sobrenaturais.
Geralmente a realidade e o fantástico se misturam. A lenda, por vezes, tem um fundo de verdade. Ela se modifica de acordo com o lugar e época que se passa. Cada pessoa que conta uma lenda imprime nela, às vezes, sem querer, algumas alterações: aumenta, diminui um pouco ou substitui uma palavra por outra e com isso as lendas vão se modificando com o passar do tempo e de uma região para outra.

Mito é uma narrativa simbólica que apresenta e explica um fato natural, histórico ou filosófico, relacionado com uma cultura de determinado lugar ou região, funcionando como ponto de equilíbrio entre o sagrado e o profano.
Os mitos tinham o papel de passar conhecimentos e alertar as pessoas sobre perigos ou defeitos e qualidades do ser humano. Na mitologia, deuses, semi deuses, heróis e seres sobrenaturais se misturam com fatos da realidade para dar sentido a vida e ao mundo.

História de Lobisomem
Precisamente à meia-noite de uma sexta-feira treze, noite de lua cheia, após horas de prosa na sacada principal do casarão do Sítio Santo Antônio, Maria das Dores e seu marido Francisco de Assis, os únicos moradores daquelas bandas, assustaram-se ao ouvir o uivo aterrorizante de um lobo. De repente, um vulto apareceu no jardim e os observava.

Na tentativa de saber algo sobre aquela criatura preta e de grande porte, seu Francisco usou uma lanterna, direcionando o foco de luz sobre a coisa, que tinha as orelhas bem grandes, os olhos flamejantes, o corpo coberto de pelos e a boca enorme rosnando e expondo presas famintas de carne e sangue.  A horripilante criatura foi andando bem lentamente na direção deles. “Que bicho é aquele, Chico?”, quis saber dona das Dores. “Muié, não é bicho, não. É a maldição do lobisomem que anda rondando por estas bandas. Que Deus nos proteja!”, respondeu seu marido.

Foi quando a esposa do seu Francisco gritou:
“Esconjuro! Vamos pegar o cruxifixo e molhar o chumbo  na água benta pra mode desse bicho não pegar nós”.
Seu Francisco, corajoso como ele só, aproximou-se do jardim e com um tiro certeiro, atingiu a criatura que  correu desenfreadamente tentando fugir  mata adentro. Até hoje corre a conversa de que aquela criatura era o antigo proprietário do mesmo casarão onde moravam  Maria das Dores e seu marido Francisco de Assis. Dizem que ele tornou-se um lobisomem, após ter sido amaldiçoado pelo pároco da paróquia local.
                                              
O Mito do Lobisomen
Diz a lenda que quando uma mulher tem 7 filhas e o oitavo filho é homem, esse menino será um Lobisomem. Também o será, o filho de mulher amancebada com um Padre.

Sempre pálido, magro e orelhas compridas, o menino nasce normal. Porém, logo que ele completa 13 anos, a maldição começa.
Na primeira noite de terça ou sexta-feira, depois do aniversário, ele sai à noite e vai até uma encruzilhada. Ali, no silêncio da noite, se transforma em Lobisomem pela primeira vez, e uiva para a lua.
Daí em diante, toda terça ou sexta-feira, ele corre pelas ruas ou estradas desertas com uma matilha de cachorros latindo atrás. Nessa noite, ele visita, 7 partes da região, 7 pátios de igreja, 7 vilas e 7 encruzilhadas. Por onde passa, açoita os cachorros e apaga as luzes das ruas e das casas, enquanto uiva de forma horripilante.
Antes do Sol nascer, quando o galo canta, o Lobisomem volta ao mesmo lugar de onde partiu e se transforma outra vez em homem. Quem estiver no caminho do Lobisomem, nessas noites, deve rezar três Ave-Marias para se proteger.
Para quebrar o encanto, é preciso chegar bem perto, sem que ele perceba, e bater forte em sua cabeça. Se uma gota de sangue do Lobisomem atingir a pessoa, ela também vira Lobisomem.

Uma Armadilha pro Saci
Como todos sabem, o Saci-Pererê é um duende que vive aprontando das suas. Ele está sempre fazendo travessuras, como esconder objetos, soltar animais dos currais, espantar as galinhas, derramar sal nas cozinhas, colocar pimenta nas comidas, fazer tranças nas crinas dos cavalos, colocar pólvora no fogareiro, etc.
Por causa disso, todos os habitantes da floresta têm raiva do Saci e também querem, só por vingança, aprontar uma armadilha pro negrinho demônio.
Ultimamente o danado deixou a floresta em polvorosa – primeiro, enquanto o jacaré Liu estava dormindo tranqüilamente no lamaçal da beira do rio, ele amarrou a sua boca com cipó para que ele não comesse mais os peixes. Não satisfeito, deu um nó na serpente Jacobina, impossibilitando que ela se locomovesse. Por último, colocou o jabuti Joca com casco virado para baixo sob a luz e o calor do sol, o que o deixou muito fraco.
Os outros animais estavam preocupados porque não sabiam o que pestinha poderia estar preparando para eles.  Cansados de tantas traquinagens do saci, pediram a ajuda do Curupira que, um belo dia, deu-lhe o troco. Todos planejaram uma festança na beira do rio e fizeram o convite especial para o negrinho que ficou muito feliz, mas nem imaginava o que a turma da floresta tinha preparado para ele.
Durante a festa todos se divertiram muito. O Curupira ofereceu-lhe bastante cachaça de mandioca até que ele ficasse embriagado e caísse na armadilha. Foi tudo bem rapidinho – a onça deu a ele de presente o que ele mas gostava: um cachimbo novinho feito de argila. Porém o que ele não contava era que o cachimbo estava cheio de pólvora e cal.
Esta estória termina mal e você pode imaginar o final...

Lenda do Curupira
Curupira ou Caipora é um mito antigo no Brasil, já citado por José de Anchieta, em uma carta datada de 1560, Ele dizia:
"Aqui há certos demônios, a que os índios chamam Curupira , que os atacam muitas vezes no mato, dando-lhes açoites e ferindo-os bastante ".

Os índios, para lhe agradar, deixavam nas clareiras, penas, esteiras e cobertores.
Ser tipicamente da floresta, não aparecendo em áreas urbanas, o Curupira é um duende brasileiro, cabelos compridos, ruivos, cuja característica principal são os pés virados para trás, ou seja, os calcanhares para frente. Este defeito lhe é especialmente útil para uma de suas maldades prediletas: fazer pessoas perdidas na mata seguir-lhe as pegadas que, afinal, não leva a lugar nenhum. Para que isso não aconteça, caçadores, lenhadores e aventureiros costumam suborná-lo com iguarias deixadas em lugares estratégicos. O Curupira, distraído com tais oferendas, esquece-se de suas artes, e deixa de dar suas pistas falsas, e chamados enganosos, imitando a voz humana para desviar os que estão na floresta em sua direção. Para atrair suas vítimas, ele, às vezes chama as pessoas com gritos que imitam a voz humana. É também chamado de Pai ou Mãe-do-Mato pelos caboclos.
 Às vezes é visto montando um Porco do Mato.
Entre os índios Tupis-Guaranis, existia outra variedade de Curupira, chamada Anhangá, um ser maligno que causava doenças ou matava os índios. Há relatos de entidades semelhantes entre quase todos os indígenas das Américas Latina e Central.
Dizem que ele é um menino de cabelos vermelhos e com os pés virados para trás, para despistar quem quiser segui-lo. Algumas pessoas descrevem o Curupira como um indiozinho montado em um porco selvagem, outros dizem que tem o corpo coberto por pêlos.
Ele cuida dos animais da florestas, protegendo contra a devastação e a caça.
Quando entramos na mata e ouvimos barulhos estranhos pode ser ele.
Ele é tão rápido que muitas vezes ao passar pela mata, parece um vento forte.
Ao entrar numa mata deve-se levar uma oferenda para o Curupira, assim ao agradá-lo não se perderá na mata.
O Curupira tem o poder de ressuscitar qualquer animal morto sem sua permissão.     

Sexta Feira 13
A superstição que envolve a Sexta-Feira 13 surgiu com os romanos. Não tinha nada de azarento, mas, com o tempo, alguns fatos ocorridos nesta data, ano após ano, marcaram esse dia, transformando-o em um momento onde as pessoas deveriam tomar cuidado.

Uma crença européia revela que nas “Sextas-feiras - 13, as bruxas estão soltas”. Segundo o folclorista Luís Câmara Cascudo, no Dicionário do Folclore Brasileiro,
“o dia 13 é um número fatídico, pressagiador de infelicidades. A superstição de evitar 13 convidados à mesa é tradicional como uma reminiscência da Santa Ceia, quando Jesus Cristo ceou com os seus 12 apóstolos, anunciando-lhe a traição de um deles e seu próprio martírio”.

A palavra superstição primitivamente significava “vidente ou profeta”. As superstições surgem como explicação para os fatos que desconhecemos. Quem comemora o aniversário em uma Sexta-Feira 13 não deve ficar preocupado, pois o número 13 também simboliza o número dos anjos e da sorte.
Acredite, a superstição e o azar estão ligados apenas à acomodação e a falta de fé, uma maneira de encontrarmos culpados para os nossos insucessos ou fracassos, muitas vezes resultantes da nossa própria falta de esforço e dedicação. Quando as coisas não acontecem, culpamos o azar. Quando tudo dá certo, aí sim somos “sortudos”.
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Ritmos do Brasil

Música Sertaneja
No Brasil, chama-se Música Sertaneja o estilo musical auto proclamado herdeiro da "Música Caipira" e da Moda de Viola que se caracterizava pela melodia simples, apaixonada, saudosa e melancólica da gente rural.

O adjetivo "sertanejo", originalmente, se refere a tudo que é próprio dos "sertões", ou seja, das regiões do interior, quase despovoado e rural do Brasil (no interior de São Paulo e nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná.
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Música Caipira
Era chamado de "Caipira" o tipo de música composto e executado por artistas das zonas rurais: a antiga Moda de viola. Fruto da poesia da terra, a música caipira de verdade ainda existe e é muito bem representada - longe do barulho do sertanejo comercial, a moda de viola conta casos e traz saudades... 
Os caipiras utilizavam instrumentos artesanais e típicos do Brasil Colônia como a viola, acordeão e gaita.
Sua raiz está em uma das mais complexas funções do nosso sertão - a catira. A música caipira ou moda de viola é a preferida dos peões, boiadeiros e lavradores.

Foi o primeiro gênero da musica regional a ser gravado em discos. Cornélio Pires é primeiro grande promotor da música caipira, foi ele o primeiro a conseguir, em 1928, que a música caipira entrasse para a discografia brasileira. Assim gravando vários discos popularizou a música caipira no Brasil.

Ao longo desta evolução, evitou-se cuidadosamente o termo "caipira" que era visto com preconceito nas cidades grandes. O estilo "sertanejo", ao contrário da música caipira, tem pouca temática rural para poder agradar habitantes de cidades grandes. A temática da música sertaneja, é, em geral, o amor não correspondido, a saudade e o marido traído.

Samba - O Dia Nacional de uma Herança Cultural
A semente do samba chegou da África ao Brasil nos porões horrendos dos tumbeiros e germinou em solo nacional, tornando-se a mais alta e forte árvore nativa, resistente como a sucupira, enraizada como o pau-brasil, encantada como a jurema. O samba nos civilizou. O Samba Nosso de Cada Dia nos deu uma identidade e indicou um caminho possível, democrático, solidário e universal.
O samba está presente na alegria e na tristeza, na solidão e na celebração dos amigos. Na África antiga, samba de "Semba" era o nome de uma dança ritual com batuque e rebolado oferecida à uma certa divindade. É por isso, talvez, que o samba tenha consigo algo de sagrado, algo de segredo e de mistério. É por isso, certamente, que a roda de samba revela algo de litúrgico, uma atmosfera pagã, onde o transe se faz presente na dança e a reza vem em forma de poesia. O samba, essa fortaleza, é um rei consciente de sua nobreza.

O Dia Nacional do Samba, 02 de dezembro, surgiu por iniciativa de um vereador baiano, Luis Monteiro da Costa, para homenagear Ary Barroso, um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos. Ary já tinha composto seu sucesso "Na Baixa do Sapateiro", mas nunca havia posto os pés na Bahia. Esta foi a data que ele visitou Salvador pela primeira vez. A festa foi se espalhando pelo Brasil e virou uma comemoração nacional.
Atualmente duas cidades costumam comemorar o Dia do Samba, Salvador e Rio de Janeiro.
Sob a batuta do músico Edil Pacheco, Salvador sempre tem promovido grandes shows no Pelourinho com os ótimos e injustamente desconhecidos sambistas locais.
No Rio de Janeiro a divertidíssima festa fica por conta das Escolas de Samba, dos bares e botecos da Lapa e da saudosa Vila de Noel e de shows promovidos por grupos de pagodes espalhados pela cidade. Tudo regado a uma suculenta feijoada e a uma cerveja ou a um copo de chopp bem geladinho. É uma verdadeira reunião de bambas.
Hoje o samba é soberano - O gari se torna príncipe na avenida, o mestre-sala corteja a sua dama e defende a honra de sua escola. Um cidadão sem glamour se faz poeta, cantado em verso e prosa pelo povo que o faz imortal, o ritmista conjuga o seu sorriso com a sua batucada e o passista se mostra malandro na ginga e no malabarismo com o pandeiro. Este é o samba que subverte a lógica capitalista e sobrevive, apesar do preconceito, mostra a sua cara e reside na alma da gente brasileira.

Forró Pé de Serra
O forró é o estilo de música que mais cresce no País atualmente. Existem casas especializadas em forró e uma verdadeira indústria fonográfica explorando o ritmo em todo o País. Em São Paulo é uma febre. Mas a colocação de DJs e outros ritmos destoam bastante do autêntico forró, arrastado do baião e do xaxado. Inevitavelmente, o forró tem também várias vertentes: o forró cearense, o eletrônico, universitário. Mas somente um tem passado pelo tempo incólume e sem riscos: o pé-de-serra, formado por conjuntos de três ou cinco integrantes.

O nome forró é tido como derivado da palavra inglesa For All, que significa "para todos" em inglês. Os colonizadores europeus - principalmente os ingleses que construíram as linhas férreas do interior - trouxeram para o Brasil esta festa e a realizavam seguindo a tradição todos os anos no período de colheita das safras. No Nordeste, as danças desta festa eram bem parecidas com as atuais quadrilhas, onde se formava um grande círculo com os participantes e estes ficavam por muito tempo comemorando a boa colheita nos campos, após vários anos e com a presença dos camponeses que haviam sido encontrados no Brasil esta festa passou por um grande e demorado processo de mudança, chegando ao atualmente conhecido forró pé-de-serra.

O forró Pé-de-Serra, no Brasil e Nordeste, teve como principal representante Luiz Gonzaga, o Rei do Baião como era mais conhecido. Associado à música, a rica poesia de Catulo da Paixão Cearense, Patativa do Assaré, Lourival batista, Job Patriota, Zé Limeira da Paraíba e todos os contemporâneos forrozeiros que fazem a eterna cena do forró nordestino do pé-da-serra, novos compositores não se rendem a modismos e compõem o forró por pura identificação artística.

O forró é o ritmo mais escutado nas rádios do Nordeste, e há algum tempo vem conquistando a população das grandes capitais brasileiras, como é o caso de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, onde vários clubes e boates trazem como atração principal bandas de forró pé-de-serra e de forró eletrônico, descaracterizando um pouco a cultura, mas levando-a aos quatro ventos.                  

Hip-Hop
O hip-hop é tão urbano quanto as grandes construções de concreto e as estações de metrô, e cada dia se torna mais presente nas grandes metrópoles mundiais. No Brasil, é a voz cantada dos presídios, está nos grafites que embelezam ou enfeiam muros e paredes das grandes cidades, nas roupas da juventude, é um movimento que invade as metrópoles brasileiras da periferia para o centro. Para muitos jovens, o hip-hop vem fazendo a diferença, mudando jeitos de pensar, dando oportunidades e denunciando a desigualdade social e racial.

HIP-HOP BRASILEIRO É ÚNICO, apesar de ser um movimento originário das periferias norte-americanas, o hip-hop não encontrou barreiras no Brasil, onde se instalou com certa naturalidade. "A apropriação de elementos que não estão necessariamente legitimados na cultura brasileira deu-se de forma mais natural e tranqüila porque estamos em um mundo globalizado", considera Herschmann. O que, no entanto, não significa que o hip-hop brasileiro não tenha influências locais. O movimento no Brasil é híbrido, com traços evidentes da cultura nacional: no hip-hop brasileiro tem rap com um pouco de samba, break parecido com capoeira e grafites de cores muito vivas.

Enraizado nas camadas populares urbanas, o hip-hop afirmou-se no Brasil e no mundo com um discurso político a favor dos excluídos, sobretudo dos negros. Não é por acaso que o famoso rapper Mano Brown teve uma recepção tão calorosa na Febem do Brás, em São Paulo, em um show realizado em 2003. Os jovens detentos sabiam de cor as letras das músicas, que falavam da realidade dos moradores das periferias.
No Brasil o hip-hop é mais consciente, quer ver o povo melhorar e prega a informação declara Cibele Cristiane Rodrigues, militante do movimento.                      
                                                                       
Sabor do Tempero Brasileiro
Os índios brasileiros tinham uma mesa farta e variada, graças à abundância da caça, pesca e dos frutos silvestres, de que se serviam. A farinha de mandioca tão popular entre o povo, do mais simples ao mais requentado, é uma herança indígena. Depois de retirar a raiz, secavam-na ao sol ou ralavam-na ainda fresca numa prancha de madeira cravejada de pedrinhas pontiagudas, transformando-a em farinha alva, empapada que colocavam para escorrer e secar num recipiente comprido de palha trançada. O resultado é o tupuci, ingrediente essencial no preparo de um famoso prato da cozinha brasileira: o pato no tupuci. Além de ser usado como farofa ou para fazer beijus, pirões, sopas e mingaus, o tupuci pode ser servido como sobremesa.

O preparo dos mais diversos pratos da culinária brasileira está ligado aos aspectos socioculturais de nossa história e recebeu a influência de outros povos que aqui estiveram em épocas passadas e nos Legaram em patrimônio cultural valioso, influenciando e dominando até mesmo na alimentação. A variedade de sabores e preferências regionais, com suas especiarias e temperos próprios, tornam-se irresistíveis ao paladar mais exigente de qualquer arte da cozinha nacional.

O milho muito usado pelos índios foi amplamente aceito pelos portugueses, de paladar mais refinado, que preferiam a comida preparada pelas escravas negras do que as da mão indígena. As negras eram mais experientes eram mais caprichosas na arte de comer bem e assim, introduziram o côco da Bahia, o azeite de dendê, a pimenta malagueta, o feijão preto, o quiabo e outros ingredientes para a elaboração de pratos mais requintados.

A união das três raças criou uma cozinha tipicamente brasileira, desenvolvendo o uso constante da panela de barro, da colher de pau e do fogão de lenha, indispensáveis para aprimorar qualquer quietude.
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As Festas

Viva Santo Antônio, São Pedro e São João!
A comemoração das festas juninas é certamente herança portuguesa no Brasil, acrescida ainda dos costumes franceses que a elas se mesclaram na Europa.
Fogueira, fitas, mastros coloridos... Dança e animação. Todos nós conhecemos
muito bem a tradição da Festa Junina.
Os dias de São João, Santo Antônio e São Pedro, são no mês de junho, por isso, as comemorações que ocorrem durante todo o mês foram denominadas de “Festa Joanina”, especialmente em homenagem a São João. Segundo alguns historiadores, o nome joanina teve origem nos países europeus católicos no século IV. Quando veio para o Brasil foi modificado para junina. A tradição de comemorar a Festa de São João foi trazida pelos portugueses, logo incorporada aos costumes dos povos negros e indígenas.
As festas juninas costumam ser muito animadas. A quadrilha, por exemplo, uma dança muito alegre e vibrante, chegou ao país no século XIX, trazida pela corte real portuguesa, inicialmente dançada apenas pela nobreza, ela se popularizou e chegou à roça. Além da quadrilha, existem outros símbolos tradicionais como a fogueira, a queima de fogos de artifício, simpatias e o lançamento de balões coloridos, que devem levar pedidos de graças para São João. Outro item que não pode faltar é o pau-de-sebo: um tronco de árvore com quatro metros ou mais de altura é todo coberto com sebo animal e o grande desafio é atingir o seu topo e pegar as prendas ali colocadas.

Apesar de o elemento chave das festas ser a descontração e a alegria, cada região do Brasil apresenta suas particularidades. No Rio Grande do Sul, por exemplo, os participantes não aderem aos trajes caipiras e comemoram com o vestuário típico da região, como a bombacha, sob o ritmo do vanerão. Já no nordeste, os ritmos que imperam são o forró, o baião e o xaxado.

No nordeste brasileiro principalmente, estes santos são reverenciados e pode-se dizer que a importância destas festas, para as populações nortistas e nordestinas, ultrapassa a do Natal, principal festa cristã, e que elas são, historicamente, o evento festivo mais importante destas regiões, tanto cultural como politicamente.
As mais tradicionais festas juninas do Brasil acontecem em Campina Grande (Paraíba) e Caruaru (Pernambuco).
O espaço onde se reúnem todos os festejos do período são chamado de arraial. Geralmente é decorado com bandeirinhas de papel colorido, balões e palha de coqueiro. Nos arraiás acontecem as quadrilhas, os forrós, leilões, bingos e os casamentos caipiras.

As Coisas do Brasil
                                              
Jeitinho
Quem o conhece de perto o Brasil, sai apaixonado mesmo é pela alma tropical e mestiça dessa nossa gente sofrida, mas sem dúvida, que não perde nunca o seu valor humano no que diz respeito à hospitalidade, generosidade, espontaneidade, alegria e cordialidade..

Quando se fala em jeito ou jeitinho brasileiro de ser, a primeira coisa em que pensamos é esperteza, o suborno, a ambição e a corrupção. Embora essa não seja a única maneira de definir o jeito brasileiro, o lado negativo dessa prática, tão marcada em nossa sociedade, é o que mais se evidencia na mídia.

Mas não podemos tomar o jeitinho brasileiro como negativo. A inventividade e a criatividade são algumas das facetas mais relevantes do lado positivo de ser do brasileiro, que possui uma alta capacidade de adaptação às situações mais inesperadas, que muitas vezes pode significar a diferença entre viver ou morrer, entre estar desempregado ou "arranjar uma profissão informal".

Assim é o brasileiro: dá jeito em tudo para se resolver o problema ou contorná-lo. Sua versatilidade abrange um sem-número de situações: é o pára-lama do carro amarrado, em vez de soldar; são os juros embutidos no valor da prestação "fixa"; é o "dar um por fora"; é matar a avó para justificar a ausência a uma prova, na escola, num encontro ou no trabalho, é trapacear as companhias de fornecimento de água, energia ou telefônica com o conhecido “gato”.

A malandragem, assim como a preguiça, a cordialidade, a espontaneidade e o jeitinho foram ou têm sido alguns dos atributos aplicados para qualificar o modo de ser do brasileiro - um povo acolhedor, festeiro, bem-humorado e barulhento.

Do mesmo modo que a malandragem, a feijoada, o carnaval, a mulata, o samba, a cachaça e o futebol foram elementos essenciais da cultura popular na formação da IDENTIDADE do brasileiro que é hoje, também, um símbolo nacional totalmente capaz de conviver harmoniosamente com as diferenças e com os mais variados perfis - a malandragem e a alegria do carioca, a sagacidade do paulista, o machismo do gaúcho, a calma do baiano, a quietude do mineiro e o jeito arretado do nordestino.
                       
Simpatias
O ser humano sempre cultivou um fascínio pelo místico e mantém, consciente ou inconscientemente, um estreito relacionamento com esta dimensão. O gosto do homem pelas coisas místicas e mágicas é muito antigo; ele sempre carregou em si a predisposição de aproximar-se e usufruir de seus “benefícios”. E uma prática mística que mistura magia, fé e crença é a simpatia – um aspecto tradicional da nossa cultura.
Simpatia é a crença ritual de forçar poderes ocultos a satisfazerem a nossa vontade. Este ritual popular é preventivo e curativo. De certo modo, trata-se da arte de produzir fatos que extrapolam as leis naturais. Com a magia simpática, pretende-se ter ação sobre pessoa ou objetos distantes, por meio de uma parte, por exemplo, peças de roupa, sinal dos dentes no pão, fios de cabelo, nomes escritos em tirinhas de papel e outros.

A simpatia tem grande prestígio, dada a crença e a fé do povo que quer resultados imediatos, sem tratamento e sem trabalho, promovidos pelos artifícios da mágica. Em suma, o milagre. Certamente, tem-se mais fé na sabedoria popular do que nos remédios da farmácia. Nela mesclam-se a ingenuidade, a malícia, a esperteza, a fé, a confiança e a esperança, ligadas à mentalidade dos povos primitivos e às camadas mais primárias das culturas civilizadas. Oriunda da religião dos magos, a magia pretende submeter à vontade própria, a vontade de poderes superiores, espíritos, gênios, demônios, e elementos da natureza.

As simpatias estão nos costumes e tradições do povo brasileiro, é um ritual de magia branca dos segredos cuja prática é se utilizar, de maneira indireta, das forças espirituais para afastar certos males ou conseguir determinado bem ou cura; muitas delas envolvendo o auxilio de rezas, sinais cabalísticos, espíritos e elementos da natureza

A magia branca tem um acervo riquíssimo de ritos como adoçar o nome da pessoa amada com mel para atraí-la; ir a um lugar bem distante, atirar alguma coisa por sobre o ombro sem olhar; ir embora sem olhar para trás e jogar peças de roupa no rio, para que a correnteza a carregue, colocar folhas de louro ou sementes de melancia ou uvas na carteira para atrair prosperidade, etc.

Quanto à questão da cura de doenças, a magia das simpatias depende de uma tomada de forças do corpo e da alma, provocada por uma fé inabalável. Nesse caso, a simpatia torna-se um recurso da medicina rústica ancestral para tenta conseguir a cura de doenças com as quais os médicos não conseguem sucesso.

A medicina de caráter popular se utiliza de  artefatos e objetos como amuletos, patuás, bentinhos (breves) e terços que, trazidos junto ao corpo, protegem de doenças.
No Brasil, as comunidades interioranas, ribeirinhas ou sertanejas sempre se utilizam desta medicina popular, primeiramente por preservarem a herança ancestral e, segundo, por não terem acesso a serviços de saúde.

A sabedoria de caráter popular tem sempre a fé como o elemento mágico, sendo o componente principal. Sem ela, a simpatia não teria sentido e nada resolveria.

Autor: Prof. Nilton Barbosa Filho

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